Psicologia para Educação dos Filhos


A educação dos filhos alcança uma importância fundamental para a estrutura da família. Tenho visto muitos casos de desajustes de comportamento dos filhos e de comportamentos inadequados como manhas, isolamento social, dificuldades de aprendizado, pirraças, atos agressivos e desobediência que comprometem a saúde familiar.

Muitos pais levam os filhos à consulta e pedem ao Psicólogo para resolver os comportamentos desajustados. Relatam tudo o que acontece e depois dizem que já não sabem mais o que fazer com o filho.


Para eeducar um filho de maneira saudável, é necessário uma boa base emocional familiar. No texto Sugestões para o Relacionamento Familiar discorro sobre maneiras práticas e úteis de relacionar-se e melhorar o clima emocional em família. 

A atitude mais normalmente encontrada pelos responsáveis é focar o problema no filho somente, como se ele fosse o causador isolado de todos os problemas e de seu próprio comportamento inadequado.

Poucos voltam seus olhos para uma análise global do funcionamento da família e descarregam nos filhos a culpa de todos os desajustes que eles apresentam.

Esta percepção do problema em nada colabora para a efetiva resolução desses comportamentos inadequados. A educação dos filhos precisa ser entendida de maneira mais ampla.


A DINÂMICA FAMILIAR

Muitos imaginam esses comportamentos desajustados se devem a fatores de personalidade e de genética somente. Isto é um erro. A dinâmica familiar colabora muito para o resultado do comportamento dos filhos.

Filhos reagem à maneira da família funcionar. São expressão de que na família algo está funcionando errado. Eles sinalizam a disfunção familiar e não apenas expressam comportamentos inadequados.

Para se ter um filho é necessário um planejamento. Precisa de conversa entre os pais, precisa de tempo para investimento e precisa de muito amor. Algumas negligências são expressões de falta de amor e ou de planejamento na educação dos filhos.

Por isso os pais devem conversar e planejar juntos a vinda e a educação dos filhos. Devem conversar sobre a postura de ambos na educação familiar e analisarem o filho como inserido num contexto maior que é a família.


SUGESTÕES PARA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

1) Não culpe seus filhos por tudo;

A primeira atitude dos pais deve ser se perguntar: o que talvez estaria colaborando para esse comportamento inadequado dos nossos filhos Ao contrário da maioria das perguntas, esta não é difícil de ser respondida, mas sim de ser feita.

A maioria dos pais entende a dinâmica da sua própria família, sabem o que pode estar funcionando de errado, mas evitam pensar nisso para não elevarem o nível de culpa e para evitar decisões que não queriam, como mudar relações com o emprego, o que seria um prejuízo profissional.

2) Busque encarar o problema com seriedade e coragem;

Alguns pais sabem que não conversam com os filhos, sabem que os deixam muito à vontade, sabem que não dedicam tempo de qualidade. Atitudes para mudar esses quesitos são necessárias.

3) Encare o problema de forma ampla;

Analise o funcionamento da sua família. Seus horários, a qualidade dos tempos, a forma da autoridade, se existem conversas, as injustiças, etc.;

Na maior parte das vezes os filhos estão soando o alarme de que sua família está indo mal. Pode ser que esse comportamento indesejado dos filhos seja o sintoma de uma disfunção que está presente em toda a família e não somente nele. 

Por vezes, problemas conjugais atrapalham a educação. No texto O Casamento Ainda Está na Moda? há uma análise sobre os beneficios do casamento.


Algumas vezes você repete padrões familiares. Você pode estar cometendo os mesmos erros que seus pais cometeram com você. Pense nisto.

4) Conheça-se. Busque saber o porquê sua maneira de educar seus filhos não está sendo eficiente;

Há pais que não planejaram a vinda de seus filhos e engravidam por acidente. Há uma grande possibilidade de esse filho ser indesejado inconscientemente no seio da família e até mesmo de ser rejeitado. Essa rejeição pode não aparecer em forma de violência direta, mas através de negligências na educação.

Há pais que não percebem que são injustos, que não realizaram sonhos e querem impor seus sonhos aos filhos, pressionam demais para que eles tirem notas excelentes, são tiranos demais ou são muito inábeis na arte de educar filhos. Só que isto tudo não é percebido e muito menos admitido.

5) Preste a atenção à qualidade do seu tempo com os seus filhos;

Muitos problemas de desajustamento acontecem não por falta de tempo, mas pela percepção que os filhos têm da qualidade deste tempo gasto. Ausências parentais podem contribuir para comportamentos desajustados tanto como a presença sem qualidade. 

Jogue bola conversando com o seu filho, pergunte sobre o dia dele, comemore com ele as conquistas, faça o pensar nos seus comportamentos e esteja pronto para ouvir.

Há pais que são negligentes em tudo. Quando estão por perto perdem a oportunidade de conversar e corrigir.

6) Pense em um plano de educação conjunto para o seu filho;

Você discute com seu esposo (a) a forma de educar os filhos, ou vai deixando acontecer? Pais precisam combinar isto. Ter um planejamento de comum acordo na educação dos filhos. Se vocês discordam muito na forma de educar, isto não deve transparecer para o filho. Ponha tudo em panos limpos o quanto antes.

7) Cuidados com as fontes de autoridade;

Fontes de autoridade não podem se chocar, não podem estar ausentes e nem serem injustas. Filhos reagem mal às discordâncias dos pais quanto à sua educação. Pais devem combinar a educação dos filhos e evitar discutir isto na frente deles.

Coisas como “pergunte ao sei pai, se ele deixa pode ir”, já é uma motivação para comportamentos inadequados. Se não souber o que fazer, diga ao seu filho “seu pai e eu vamos conversar e resolver juntos”.

Os filhos precisam perceber que ambos os pais estão comprometidos e discutem para chegar juntos a uma postura na educação dos filhos. Por isso, não transfira a responsabilidade para o outro.

Há casos em que essa autoridade é dividida com a avó ou com a babá. É um caso complicado. Converse e combine a educação com elas. A educação não precisa ser similar, mas não disparate demais.

8) Cuidado com a palavra ‘sim’;

Para não serem importunados com o choros e birras os pais deixam os filhos fazerem tudo o que querem. Se você faz isso, perdeu a chance de corrigir e educar corretamente e está provocando mais comportamento inadequado.

Diga ‘não’ quando for necessário. Alguns casos sua decisão não precisa ser explicada, somente explique o porquê desse ‘não’ quando aquilo o que ele desejar for prejudicá-lo. Dizer “não e não e pronto” pode ser maléfico.

Explique para seu filho a sua postura, mas mantenha a autoridade para que ele não perceba injustiças. mas não se esqueça de que autoridade não é autoritarismo.

9) Mostre afetos positivos ao seu filho;

Filhos precisam ser amados em prática. Procure mais contato físico com o seu filho. Abrace-o, beije-o e se torne afetivo com ele. Não de forma exagerada, mas uma boa conversa com contato físico entre mãe e filho pode ajudar a aproximar psicologicamente os dois e colaborar com a motivação dele se corrigir dos comportamentos inadequados.

10) Por fim procure ajuda profissional de um Psicólogo se as coisas desandarem;

Se não souber e não tiver coragem para ajustar as coisas, procure uma ajuda profissional. Esteja certo de que o comportamento desajustado deve ser analisado junto com a família. O desajuste está em toda a família e não somente no filhos. 

Se tem duvida sobre o que é a Psicoterapia leia textos como Psicoterapia e Pra que Serve um Psicólogo


Tome iniciativa de investir na saúde psicológica e moral de sua família e busque o desenvolvimento e a saúde integral dela.

E para terminar, José de 11 anos e órfão tinha um histórico de várias passagens por famílias e devoluções da adoção por comportamentos inadequados. Já passara por mais de 12 famílias e todas devolviam ao orfanato por causa dos comportamentos inadequados.

Um belo dia ele foi adotado por Maria, uma pedagoga aposentada. Ela ainda dava aulas e já tinha percebido que o menino não era fácil, aprontava de tudo e tinha comportamentos muito inadequados.

Maria por vezes fazia vistas grossas às artes do menino. Um belo dia ela chegou em casa e o menino tinha quebrado vasos de planta, derramado leite e água pela casa toda, espalhado todas as roupas de Maria pelos cômodos e revirado todas as gavetas.

Maria ficou furiosa. O sangue subiu e ela ofegante correu a passos apertados e rápidos caçando o menino pela casa até que o achou rasgando alguns documentos seus. Maria o agarrou fortemente pelos braços sacudindo intensamente e disse:

“MENINO, NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ FAÇA OU O TAMANHO DA SUA REBELDIA, SAIBA QUE EU VOU AMAR VOCÊ MESMO ASSIM, DESSE JEITO. EU NÃO VOU DEVOLVER VOCÊ. VAMOS JUNTOS APRENDER A NOS AMARMOS, TAL COMO MÃE E FILHO!”

Dizem as notícias que esta foi a última arte do menino acostumado a pintar os setes para provar os limites do amor.

Por fim, melhore a sua relação conjugal, os textos Os Ruídos da Comunicação Familiar aborda o tema da comunicação e como melhorá-la.