FAZENDO UM DR EFICAZ

Ok, atendendo a pedidos, lá vai o texto prometido. 

No texto Ruídos da Comunicação Familiar, abordei alguns aspectos que promovem mal-entendidos em família e como dominuí-los. Nesse a temática, atendendo a pedidos é sobre o DR e especificamente voltado para elas. 


Nelas a necessidade de discutirem a relação amorosa  DR é maior que neles. Entretanto, para elas isto se torna uma tarefa difícil, afinal homens são de Marte e Mulheres são de Vênus.

Os dois diferem na forma de linguagem dominante e na maneira de encarar o relacionamento íntimo.  Já que queremos fazer um DR, poderemos pensar em como fazer isso melhor. Deve-se saber que milagres não acontecem. Não adianta namorar um troglodita em comunicação e transformá-lo num Dom Juan poético que adora DR´s. Isto só mesmo debaixo de muitas orações.

Sabemos que homens têm que melhorar sua capacidade de comunicação, pois não somente à mulher cabe esta grande responsabilidade de manutenção de uma boa qualidade da relação amorosa. Mas enquanto você não os convence disto, siga alguns caminhos aqui propostos.

Vale ressaltar que o objetivo do artigo é proporcionar reflexão sobre alguns comportamentos inadequados de de comunicação. Ressalto que não se deve generalizar estas práticas inadequadas para exclusivamente o gênero feminino. Também não se deve concluir que cabe somente a elas a responsabilidade do relacionamento saudável. Este não é o objetivo do artigo.

Poderia brincar com a Psicologia Evolutiva argumentando que na era primitiva os homens caçavam e as mulheres ficavam em ocas com a prole. Na caça se utilizava a visão para identificar a presa e dentro nas ocas se utilizava a audição para perceber a aproximação de inimigos.

Algo é fato e óbvio: nelas o desejo se realiza pela audição e neles pela visão. Entretanto, mecanismos psicológicos diferentes estão envolvidos para conduzirem ao um mesmo objetivo do gozo pela fantasia visual.

Mulheres ouvem para ver e depois obter o prazer pela visão imaginativa. Já homens olham para obter prazer pela visão imediata. Um caminho mais curto para eles. O que poucos sabem é que esses caminhos são distintos, mas levam ao mesmo fim do prazer pelo visual. Em geral, nos homens esse prazer é imediato, enquanto nas mulheres é imaginativo.

A necessidade de um DR pode estar enraizada na forma com que o prazer feminino se organiza. Algumas não querem realizar um DR, apenas obter o gozo pelo ouvir. Além disso, a necessidade de organizar o contrato amoroso pode ser maior nas mulheres.

Homens não discutem o contrato amoroso com tanta freqüência. Nas mulheres a necessidade de discutir esse contrato pode ser um pedido de audição voltado para o relacionamento entre os dois e de ajustes de cláusulas.
Realizar um DR com homens é difícil. Por isso, algumas contribuições que poderão facilitar a sua vida:

1º - A primeira dica é: desde o inicio do relacionamento faça bem suas escolhas. Homens seduzem e não se pode embasar a capacidade deles realizarem um DR com base nisso. A melhor opção é uma análise mais global, mais familiar. Sedução não é sinônimo de saber fazer um DR.

2º - Em segundo lugar, questione-se do porquê tanta necessidade de realizar um DR. Não seria uma insegurança infundada com o relacionamento amoroso? Ou não seria apenas necessidade de ouvir romantismos do outro ao invés da necessidade de ajustes de cláusulas?

Não seria apenas ciúmes? Não queime a imagem de um DR à toa. Ele serve para ajustar as cláusulas do relacionamento, e não para se defender de ciúmes infundados ou para obter outras coisas que deseje.

Saiba realmente a motivação de sua necessidade de realizar um DR. Se for com a motivação errada, não será ouvida. Vá com a intenção de ajustar cláusulas que realmente comprometem o relacionamento. Alguns casais a todo instante discutem e aprender apenas a fazer um DR não é suficiente. O casas precisa aprender a administrar o lar de forma eficiente. Textos como Sugestões para o Relacionamento Familiar e Psicologia para Educação de Filhos e Psicologia de Adolescentes buscam oferecer algumas luzes para essa tarefa. 

Se o problema é que você sempre vê cláusulas a serem ajustadas e ele não, uma análise mais profunda com um Psicólogo Clínico poderia ser de bom tom para o auto-entendimento.

Sem preconceitos. Isto não é sugestão de que alguém está maluco ou desequilibrado. Com uma ajuda profissional você conseguirá pensar um pouco melhor sobre a maneira que seleciona seus companheiros amorosos, a forma com que os observa e os porquês disso.

Perceba se o problema são os ciúmes exagerados ou a ‘galinhagem’ dele ou ambos. Por isso, atitudes novas devem ser tomadas na maneira de selecionar e de se relacionar com os parceiros.

3º - Em terceiro lugar, seja sensata. Não se faz um DR às 20h da noite quando o parceiro aparece na porta e dá um boa-noite depois de uma jornada extensa de trabalho. Muito menos quando vocês estão se amando.

Trabalhe com condicionamentos: não assemelhe o DR a algo chato, que atrapalha as horas de amor e nem com manifestações de ciúmes. Associe a imagem do DR com a imagem de uma mulher equilibrada emocionalmente, que não faz DR por ciúmes ou em qualquer momento e sem propósitos.

Por isso o DR deve ser utilizado para seu fim. Não venha com listas para os homens. Discuta um DR aos poucos. Afinal você não mudará uma personalidade com uma conversa, ainda mais se for chata.

Nunca diga: “precisamos discutir o relacionamento, quando eu sair do banho”. É certeza de quando sair do banho o marido já estar roncando de barriga para baixo. Seja criativa e utilize a linguagem dele. Seja racional e discuta o DR em momentos propícios de bom humor dele sem que ele saiba que está fazendo um DR.

Alguns homens não reagem ao DR em si, mas apenas à forma com que ele é realizado e reagem às suas reações emocionais intensas durante a execução de um DR. Pode não ser problema de linguagens diferentes.

Se o DR for necessidade apenas de ouvir o outro dizendo coisas românticas, esteja consciente disto. E ao invés de pedir isto diretamente, seduza-o com o seu visual e depois peça as suas preliminares.

E por falar nisso, muitos dizem que a mulher precisa de preliminares. Falso argumento. O homem precisa de uma preliminar antes das mulheres para depois oferecer a elas uma preliminar.

Essa preliminar masculina se faz através da sedução pelo visual, pelo sensorial e pelo olfato. Seria como oferecer o doce e depois retirá-lo para aí sim seguir às preliminares femininas.

Mulheres às vezes se deitam e pedem as preliminares sem realizar a preliminar masculina antes, que é menos demorada e focada apenas na sedução pelo visual.

4º - Em quarto, faça um DR no momento em que estiver de cabeça fria. Arrume uma oportunidade de discutir o assunto do DR com uma amiga e analise a necessidade de se fazer isso.

De cabeça fria você pode falar na linguagem dele: com o raciocínio. Homens não gostam de perceber afetos negativos nas mulheres na hora de um DR. Eles chamam isto de sentimentalismo histérico, o que sabemos não ser uma verdade.

5º - Em quinto lugar, tratá-lo de igual para igual afetivamente durante o DR é uma boa tática. Surpreenda-o com o racionalismo e com a contenção emocional. Dá mais seriedade no que se estará discutindo e requisitando. Alguns homens podem reagir negativamente diante de emoções femininas fortes.

Um exemplo: por que mulheres têm mais melhores amigas do que amigos? Porque diferente do relacionamento entre mulher-homem, entre elas há maior chances de entendimento verdadeiro, empatia, audição mútua e portanto aceitação. Ambas possuem o prazer pela conversa sobre o próprio relacionamento. Algo similar acontece em Psicoterapia com um Psicólogo.

6º - Em sexto perceba seus critérios de seleção de companheiros. Estudos comprovam que temos a mesma tendência de arranjar os mesmos tipos de parceiros. Isto pode ser resultado da formação personalidade da mulher e do aprendizado emocional que obteve durante a infância.

Passe a se observar e autoanalisar ao invés de se lamuriar pelos cantos, lendo livros de autoajuda sem realmente pensar sobre si mesma. A culpa pode não estar no relacionamento, mas onde os procura, como os procura e como os estabelece ao longo do tempo.

Isto é difícil perceber sem ajuda de um profissional psi, entretanto pode ser notado numa auto-observação. Faça isso friamente e com coragem. Não tenha medo de se autocriticar. É melhor do que deixar esta tarefa para os outros.

7º - Em sétimo não caia em dependência psicológica do parceiro. Amor é complementaridade, mas não dependência patológica. Realize seus projetos de vida, procure a autonomia com respeito e mova-se por objetivos.

Uma mulher independente psicologicamente pode ser mais respeitada nos DR´s. Deixar o homem perceber que você é dependente daquele relacionamento e que tudo para você acabará se romperem é sinal garantido de insucesso nos DR´s e nas suas exigências amorosas.

8º - Em oitavo e último lugar, firme seu contrato logo no início do relacionamento, onde existe mais possibilidade de DR´s acontecerem. Nesta fase isto deve ser feito com jeito e não arrogância para não espantar e passar uma imagem negativa.

Cláusulas devem ser ajustadas desde o início. Se o parceiro manifestar ciúmes logo na primeira semana e você reagir positivamente a isso, haverá uma forte tendência de ele virar ciumento e de você não gostar depois.

Se o parceiro manifestar sinais de infidelidade logo de início e você nada falar com medo de perdê-lo e pensando que irá mudá-lo depois, pode não obter sucesso. Eles aceitam o silêncio como ajustes de cláusulas.

Geralmente sinais de infidelidades aparecem quando os jogos de sedução terminam no relacionamento. Nessa fase alguns homens têm a tendência de se tornarem infiéis. Por isso, não se dê por seduzida. Deixe sempre algo a mais para ser seduzido e conquistado a cada dia.

Por fim, ame-se. Há casos que não há solução mesmo. Encarar isto requer coragem e decisão. Há casos em que a Psicologia pode não dar jeito, pois a mudança de comportamento passa pela boa-vontade na decisão de se modificar.

E para eles: homens, ouçam suas mulheres. Não precisa resolver todos os problemas delas com a razão. Elas não querem isso, ao menos ouvir com paciência e depois dê um forte abraço de compreensão.

Não fuja do que fora contratado nas conversas. Cumpra sua palavra. Saiba que a mulher alia o seu comportamento ao desejo que ela tem por você. Quanto mais homem você for na relação afetiva, mais companheiro, compreensivo e amoroso, mais mulher ela será para você na cama e no dia-a-dia.

Escutar uma mulher não é uma tarefa difícil. Converse com ela sobre essas necessidades de conversa. Por vezes pode ser insegurança ou apenas ansiedade vinda de outra coisa. Identifique isso e resolva ter um relacionamento melhor. Afinal, relacionamento é investimento, melhoria constante, cumprimento e reajustes constantes no contrato conjugal-afetivo.


Dr Marcelo Quirino
Psicólogo Clínico


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