Em atendimentos nesses anos todos de crianças em
Centro de Referência Infantil e na Clínica Viver Bem em Macaé-RJ percebe-se um problema muito
frequente e perturbador nas famílias: a birra e a pirraça infantis que
tiram os pais dos sérios, no plural mesmo.
Muitos pais ao identificarem a birra e a pirraça
nos filhos desconsideram esse comportamento da criança como se não fosse
genuíno. Pros pais esse comportamento é classificado como ‘frescura’ e
rejeitado sem que haja uma leitura mais geral do que pode estar acontecendo. A
criança apenas sinaliza com seu comportamento que algo pode não estar indo bem
na família, nas relações conjugais, com os pais, etc.
Já escrevi sobre Adoecimento Psicológico Infantil, Depressão Infantil e Como Ter Conversas com seu Filho, hoje
falaremos da birra e pirraça.
Na verdade a birra e a pirraça podem ser
indicativos sim de alguma psicopatologia infantil, principalmente quando o
comportamento não for pontual, mas frequente e que atrapalhe a vida da criança
e da família. A birra ainda ser indicativo de erros educacionais severos que
poderiam estar relacionados ou não com questões psicológicas familiares.
O mimo e a birra devem ser entendidos com o
conceito psicológico adequado: baixa tolerância à frustração. E por serem
crianças com a autonomia vigiada pelos pais, quando há tolerância baixa à
frustração pode haver conflitos com os pais e aí o problema toma vulto.
Já nós, os supostos seres adultos que somos, quando
temos dificuldades para tolerar as frustrações nós inventamos escapes, vícios,
transtorno de personalidade, comportamentos evasivos, e outras defesas mais que
outros adultos não irão ‘se meter’ para dar palpites e criar conflitos.
Já uma criança com baixa tolerância à frustração
vai evidenciar problemas de comportamento pois precisam seguir regras e são
controladas por um adulto. Assim, pelo fato de serem crianças, a psicopatologia
é mais facilmente identificada do que no adulto com baixa tolerância à
frustração.
Essa baixa tolerância à frustração – que em alguns
casos gera birra e ou pirraça -, pode ser indicativo de depressão, ansiedade,
estresse, TDAH ou Transtorno Opositivo, que por consequência podem ser
influenciados grandemente por problemas familiares e ou educativos dos mais
diversos.
Assim, é importante para os pais saberem que mimo e
ou pirraça não são patologias, mas podem ser indicativos de que algo vai mal
sim, obrigado, e que toda atenção é necessária para não prejudicar um pequeno
ser que está em desenvolvimento psicológico.
Uma atenção profissional é altamente indicada para
que possamos evitar problemas sociais, cognitivos, emocionais e até mesmo de
personalidade no futuro.
Cuide de sua prole agora antes que alguma patologia
prejudique extensamente a psique de seu filho impedindo um desenvolvimento
saudável.
Atitudes educacionais firmes, aumento do afeto para
diminuir senso de rejeição familiar, estabelecimento de rotinas claras e
diálogo emocional são algumas das ferramentas necessárias para se corrigir o
problema e devolver a paz à família.
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Imagem retirada de
http://www.habbid.com.br/pixelclub/pixelizacao-pixelizacao-kiko-chorando/133166
Quando tempo devo deixar chorar (choro como expressão de birra) uma criança de menos de dois anos?
ResponderExcluirExcelente pergunta. Nessa idade é delicado a atitude de reforço negativo dos pais, que seria ignorar o choro. Porque é uma idade de desenvolvimento da linguagem e de aspectos da personalidade ligados à independência mãe-filho associadas com a linguagem. O ideal é profissional que analisará essa criança fornecer uma orientação específica. No mais, é sempre estar atento ao choro que ainda é essencialmente uma comunicação para essa idade. Ignorar muito pouco, mas de perto, só se tiver certeza de que não há problemas e ou necessidades sendo comunicadas através do choro.
ExcluirObrigado pelo texto. É claro que a solução dos problemas reais é muito mais complexa e exige bastante empenho e estudo por parte dos pais, mas o seu texto me ajudou a refletir e a ter vários insights.
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