Os Benefícios Psicológicos da Oração


Publicado pelo O Jornal Batista

Além da óbvia consequência espiritual, a oração proporciona alguns benefícios psicológicos ao cristão. Há vários tipos de oração e cada um deles possibilita ao cristão experimentar algumas vivências psicológicas específicas que se relacionam com a dimensão espiritual. 

A oração possui resultados de dissipar emoções negativas e pesadas, acalmar, oferecer direção para decisões, esclarecer o cristão sobre suas crenças irracionais e preconceitos, iluminar sobre comportamentos errôneos, oferecer motivação para a luta, elucidar o cristão sobre as suas impulsões, além de outros benefícios.

No ato de orar não só falamos, mas escutamos Deus também. É no ato de utilizar a linguagem e expor nossa psicodinâmica para Deus a fim de que o Espírito Santo analise nossos anseios, conflitos psicológicos e nossa estrutura de personalidade. Portanto, a oração traz também maturidade psicológica. 


Os Tipos e os Benefícios Psicológicos da Oração  

Um sistema classificatório de orações se justifica com objetivos didáticos, uma vez que durante o ato de orar elas podem se alternar. Cada um pode ter vários benefícios, mas destacamos apenas alguns de acordo com a parte da estrutura psicológica utilizada em cada um dos tipos de oração.  

Segundo os objetivos de cada oração, poderíamos didaticamente separá-las em oração de clamor, a confessional, a dialógica, a de consagração, a de louvor, a de intercessão e a oração de meditação.

A primeira oração é a confessional. É pela oração confessional que admitimos a existência de um conflito, pecado ou problema. Nessa oração é com a ajuda do Espírito Santo que geramos o desconforto psicológico necessário para a mudança através da sensação de culpa positiva.

Por isso a oração confessional permite a assunção da parcela de responsabilidade ante o próprio comportamento e motiva para resolução do conflito fazendo com que o cristão seja responsável pelo seu processo de santificação. Beneficia a responsabilidade pela santificação e proporciona autoconhecimento.

A oração de clamor permite ao cristão reconhecer-se como servo e não permite que o ego atinja altos níveis de individualismo que gerariam a sensação de independência plena de Deus. Essa oração tem por característica um pedido de resolução sobre um conflito ou problema.

No ato de clamar abrandamos os receios impostos pelo ego, as culpas negativas e também entregamos a Deus nossos desejos impulsivos. Beneficia a dependência de Deus e proporciona maior controle do ego sobre a realidade psicológica.

A oração de diálogo é a oração com Deus descompromissada com qualquer temática. Ela nos permite esclarecer nossas crenças irracionais, nossos preconceitos, nossa ignorância e nos ilumina ante um conflito psicológico. A oração dialógica permite análise dos desejos humanos e uma análise da nossa forma de relação interpessoal no grupo, família ou igreja.

A oração dialógica é um bate-papo onde podem aparecer ideias e aflorar criatividade para um projeto no ministério, por exemplo. Nesse tipo de oração não há muita manifestação de culpas, já que não há compromisso com algum conflito psicológico. Beneficia a criatividade e promove capacidade de análise ao ego.   

A oração de consagração é aquela onde fazemos pactos com Deus e com nossos irmãos. Consagramos desejos e comportamentos. Como a oração de posse no ministério pastoral, por exemplo. É nessa oração que enfatizamos que apesar da existência de qualquer conflito psicológico, problema ou desejo, precisaremos nos manter no pactuado.

Na oração de consagração o ego analisa que precisará manter-se firme diante conflitos psicológicos. Beneficia a confiança em Deus.   

A oração de adoração e louvor é a oração que engrandece a Deus pelos seus feitos, pelo seu ato no calvário e pela sua onipotência. É nessa oração que o cristão reconhece-se como dependente de Deus e evita a desobediência. Beneficia a aliança com Deus.

A oração de intercessão é a oração que pedimos a Deus pelos nossos irmãos e suas causas. É nessa oração que pomos nosso tempo e nossa oração à serviço da igreja, dos familiares e dos não crentes. É uma oração que beneficia a comunhão com o corpo de Cristo e proporciona misericórdia e compaixão, ou o senso de empatia. 

Na oração de meditação nós refletimos na palavra divina, em nossa própria vida, em nossa estrutura psicológica e nas relações interpessoais. Pela oração de meditação nós nos santificamos pela Palavra e iluminamos decisões a serem tomadas e promovemos um processo de autoconhecimento direcionado pelo Espírito Santo. Nessa oração beneficiamos o crescimento espiritual.

Esses cinco tipos obedeceram ao critério do objetivo da comunicação. Outras divisões poderiam ser feitas de acordo com outros critérios. Essa forma de divisão nos é importante e útil, pois evidencia quais as partes da personalidade estão postas em ação para alcançar o objetivo predeterminado da oração e consequentemente constata-se alguns benefícios adjacentes.

Portanto, percebemos que cada tipo de oração difere na parte da personalidade que é utilizada para se comunicar com Deus e consequentemente seus benefícios são diferentes. 

Apesar dessa análise, cada tipo de oração é um momento único de falar com Deus e não podemos compreender todos os seus benefícios com uma breve análise psicológica. Deus pode ainda quebrar essas regras e oferecer os benefícios que quiser, afinal Ele é o soberano.    


A Oração Como Expressão de Fé 

Assim sendo, buscar benefícios psicológicos em uma oração não é o nosso desafio. Nosso desafio supremo nesses tempos de crise de identidade doutrinária bíblica e batista é fazer da oração uma expressão genuína de fé e não colocá-la à serviço da confissão positiva. 

A confissão positiva é o desespero humano posto em palavras para controlar o próprio futuro ao invés de conceder o seu controle para Deus. É a falta de fé, expressa num impulso de onipotência, que motiva tal necessidade de controle.

A confissão positiva não é expressão do espiritual. Pode ser fruto da ausência de fé e tem a ver com conflitos e desejos psicológicos não submetidos a Deus. 

Ter fé é conseguir suportar o desconforto psicológico como medos e receios sabendo de antemão que Deus proverá naquilo que Ele prometeu em sua Palavra, apesar do contexto visto dizer o contrário. Ter fé é saber esperar com certeza o agir de Deus. 

Firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem, a fé não tem a ver com ordenar, mas tem a ver com depender confiantemente de Deus.

Ter fé tem a ver com conter a si mesmo e não com dominar o mundo externo pela palavra declarada. Fé tem a ver com equilíbrio emocional e é a firme crença psicológica inabalável na providência divina

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