Reflexões sobre a Inveja

 


Quando eu gozo do outro naquilo que lhe seria desgraça, mas que pra mim é desejo, não há outro nome senão inveja. Posso gozar no olhar, na palavra, no brincar, na indireta, no provocar e até mesmo no silêncio. As falas interditas mais inconscientes seriam:

"Se eu não posso ter, que o outro não tenha também.”

“Se eu não tenho e no outro será destruído, tenho satisfação, mesmo que inconsciente."


“Prefiro não ter, a ter junto com o outro. Prefiro ter sozinho. Que o outro nunca tenha!”

A inveja não está sobre um sentimento de vingança, mas sobre o prevalecimento destrutivo do outro. O despontar de uma inveja é o desconforto que sentimos quando o outro nos conta uma alegria. O ar sem graça que ficamos quando presenciamos uma alegria alheia.

A raiz da inveja é sempre violenta, e não existe ‘branca’, é sempre ‘negra’, nós é quem racionalizamos para lidar com a culpa, pois é moralmente reprimida. A inveja evidencia o mais animalesco que repudiamos em nós: a pulsão de destruição do outro. Por isso deve ser silenciada, calada. E apesar de evidenciar nossa parte animal, a inveja é efeito do símbolo, da linguagem. 

Enfim, o que mais incomoda é a inveja que deixou se escapar dentre os dentes. Nos irritamos com a falta de capacidade do outro em esconder a sua inveja, pois sabemos que todos gozam dela um pouco, mesmo que escondido.

Mas faça isso sem que eu veja, é o lema.

;)


E tu, que achas?

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