1. Expectativa de que o psicólogo “brigue” com a criança pelos erros cometidos
Muitos pais acreditam que o papel do psicólogo é punir ou repreender a criança por comportamentos considerados inadequados. Essa visão reflete uma compreensão equivocada do processo terapêutico. A função do psicólogo não é a de assumir o papel disciplinador, mas sim ajudar a criança a entender suas emoções, comportamentos e desenvolver habilidades para lidar com os desafios de forma saudável, além de desenvolver estruturas internas psicológicas que resultam em resiliência, maturidade, autoestima, etc. Quando os pais pressionam o psicólogo a “corrigir” a criança de maneira punitiva, criam um ambiente de confronto, que pode gerar resistência por parte do jovem e comprometer o vínculo terapêutico.
2. Resumo semanal de comportamentos inadequados para correção imediata
Outro problema recorrente é quando os pais trazem uma lista de "erros" da criança ou do adolescente ao terapeuta, esperando que esse faça uma correção pontual. Os pais podem fazer isso trazendo toda semana uma 'arte' que a criança ou adolescente fez para que om psicólogo corrija naquela sessão. A Psicoterapia não funciona assim na base das correções dos comportamentos inadequados. De outro modo, o terapeuta segue técnicas e métodos psicológicos específicos que nada têm a ver com a correção semanal da criança ou adolescente. Logo, a terapia não é um local para o simples ajuste de comportamentos momentâneos, mas sim um espaço de reflexão e aprendizado a longo prazo. O foco da intervenção psicológica é trabalhar a causa dos comportamentos, promovendo o desenvolvimento de autoconhecimento e habilidades sociais e emocionais, e não apenas corrigir atitudes específicas e isoladas. Então pais, trabalhem essa expectativa inadequada sobre a Psicoterapia de seu filho.
3. Tentativa de controle sobre o trabalho do terapeuta
Muitos pais tentam controlar a condução da terapia, buscando que o psicólogo siga suas próprias diretrizes e desejos. Esse tipo de controle impede que o terapeuta atue de maneira autônoma e imparcial. É fundamental que os pais compreendam que o psicólogo tem um compromisso com o bem-estar emocional da criança ou adolescente, e isso pode significar que nem sempre os métodos ou enfoques adotados pelos pais serão utilizados no ambiente terapêutico. A intervenção deve ser guiada pelo conhecimento técnico e clínico do terapeuta, com base nas necessidades do paciente.
4. Imposição da filosofia educacional dos pais através do psicólogo
Outra dificuldade surge quando os pais querem que o psicólogo imponha suas crenças e filosofias de educação. Cada família tem sua própria forma de criar os filhos, mas a função do terapeuta não é reforçar ou impor um modelo educacional específico, e sim acolher as demandas da criança ou adolescente dentro de um olhar imparcial e construtivo. O psicólogo deve respeitar os valores familiares, mas também atuar como mediador e facilitador do desenvolvimento emocional do jovem, levando em consideração as necessidades individuais e o contexto social em que ele está inserido.
5. Resistência dos pais a mudanças comportamentais
A mudança na dinâmica familiar é essencial para o sucesso do tratamento psicológico de crianças e adolescentes. No entanto, muitos pais resistem em modificar seus próprios comportamentos ou atitudes, esperando que o filho seja o único a mudar. A terapia é um processo sistêmico, e mudanças no comportamento dos pais podem ser fundamentais para o desenvolvimento saudável da criança ou adolescente. É importante que os pais estejam abertos ao feedback do terapeuta e dispostos a ajustar suas próprias práticas educativas e relacionais.
6. Expectativa de que o psicólogo "conserte" a criança e a devolva pronta
Existe uma visão simplista de que o psicólogo "abre a cabeça" da criança ou adolescente, faz as correções necessárias e depois a devolve pronta aos pais. Esse pensamento ignora a complexidade do processo terapêutico, que requer tempo, paciência e envolvimento da família como um todo. A terapia é um processo colaborativo, e os pais precisam estar preparados para participar ativamente, não apenas como espectadores, mas como agentes de mudança.
7. Evasão das intervenções relacionadas à própria mudança dos pais
Por fim, é comum que os pais evitem as intervenções propostas pelo terapeuta que sugerem mudanças no próprio comportamento ou nas suas atitudes. Ao fazer isso, acabam limitando o potencial de transformação do jovem. Quando os pais resistem a se modificar, a terapia se torna um processo unilateral, no qual a criança ou adolescente carrega o peso das mudanças, enquanto o ambiente familiar permanece estagnado. É crucial que os pais entendam que eles também fazem parte do processo terapêutico e que sua participação é fundamental para o sucesso da intervenção.
Conclusão
Atender crianças e adolescentes requer uma abordagem integrativa que envolva tanto os jovens quanto os pais. No entanto, muitos responsáveis ainda possuem uma visão equivocada sobre o papel do psicólogo e as expectativas em relação ao tratamento. Para que a terapia seja eficaz, é essencial que os pais estejam abertos ao diálogo, à reflexão e à mudança. O processo terapêutico é colaborativo, e o envolvimento de toda a família é indispensável para o crescimento emocional da criança ou adolescente. Portanto, os pais devem ser vistos como parceiros no tratamento, dispostos a evoluir junto com seus filhos, compreendendo que a mudança começa em casa.
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